COVID-19 e a doença cardiovascular: O que os cardiologistas precisam saber sobre taxas de mortalidade entre pacientes com comorbidade

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Novas informações relacionadas à COVID-19 continuam surgindo diariamente. Este conteúdo foi baseado nas fontes disponíveis no momento de sua elaboração.

Para combater o novo coronavírus, SARS-CoV-2, médicos devem estar vigilantes e informados sobre a morbidade e mortalidade entre as populações de pacientes vulneráveis. A evidência limitada coletada de pacientes com COVID-19 sugere que o vírus afeta um número de pessoas desproporcional com doença cardiovascular preexistente (DCV), bem como outras condições de comorbidade, que inclui diabetes e doença respiratória crônica.

Como o número de casos de COVID-19 continua a crescer mundialmente, os cardiologistas devem estar preparados para um maior influxo de pacientes infectados que também vivem com doenças cardiovasculares. Com o tempo, nosso entendimento sobre esse vírus, suas potenciais complicações e possíveis terapias irá evoluir, permitindo que provedores tratem melhor essas pessoas afetadas.

COVID-19 e doenças cardiovasculares

De acordo com o Guia Clínico da COVID-19, da American College of Cardiology (ACC), 2,3% dos pacientes diagnosticados com COVID-19 eventualmente morrerão pela doença. Pacientes com COVID-19 que tenham doenças cardiovasculares preexistentes apresentam uma taxa de mortalidade de 10,5%, a mais alta de toda a população de pacientes com comorbidade até o momento.

Comparando as taxas de mortalidade relacionadas a outras comorbidades, estas são certamente maiores que a média, refletindo a gravidade do COVID-19 para aqueles com DCV. As taxas de mortalidade com base nos dados disponíveis atualmente são:

  • Diabetes: 7,3%
  • Doença respiratória crônica: 6,3%
  • Hipertensão: 6,0%
  • Câncer: 5,6%

Complicações cardiovasculares relacionadas ao COVID-19

Dados preliminares com base em casos reportados indicam que pacientes com DCV tem maior propensão a lesão miocárdica aguda durante a evolução de sua infecção. Um estudo, publicado na JAMA Cardiology, cogitou a hipótese de que o SARS-CoV-2 pode de fato danificar as células miocárdicas via:

  • Hipóxia agravada
  • Placa coronariana desestabilizada
  • Respostas inflamatórias sistêmicas

Além disso, estudos anteriores envolvendo síndrome respiratória aguda grave (SARS) identificou positivamente o vírus dentro do músculo do coração, indicando a possibilidade de dano direto aos cardiomiócitos pelo vírus. Pode ser que o SARS-CoV-2 também ataque o tecido cardíaco para causar lesão direta.

Destacando o potencial para lesão miocárdica, os pacientes com DCV e com infecção concomitante por COVID-19 tem maior probabilidade de apresentarem complicações significativas. Relatórios informativos e publicações, incluindo o boletim do Guia Clínico de COVID-19 da ACC, confirmam casos de insuficiência cardíaca, parada cardíaca, miocardite e infarto do miocárdio relacionados ao vírus. Além disso, uma pesquisa publicada no Journal of the American College of Cardiology mostra que 16,7% dos pacientes desenvolveram arritmias como resultado da infecção. Essas complicações se equiparam aproximadamente com aquelas associadas a outros coronavírus, como o SARS e a síndrome respiratória do Oriente Médio (MERS).

Características clínicas indicando comprometimento cardíaco

Pacientes com DCV que procuraram unidades de atendimento intensivo com suspeita de infecções por COVID-19 devem ser avaliados quanto a diversos marcadores sanguíneos, que podem identificar potenciais complicações cardíacas. Um artigo recente da TCTMD observa que pacientes diagnosticados com COVID-19 apresentaram uma resposta inflamatória aumentada, como evidência de níveis acima do normal de:

  • Glicoproteínas CD4 e CD8
  • Proteína C reativa
  • Interleucina-6

Um segundo estudo da JAMA Cardiology descobriu que pacientes que morreram como resultado da infecção também tiveram níveis elevados de:

  • Proteína C reativa
  • Troponina de alta sensibilidade
  • Interleucina-6
  • Mioglobina
  • Ferritina sérica

Uma vez que os níveis elevados de troponina de alta sensibilidade indicam lesão cardíaca, esse achado pode ter um valor prognóstico significativo na determinação da probabilidade de mortalidade. No entanto, é necessário pesquisa adicional para verificar essa correlação.

Um terceiro estudo, publicado na The Lancet, descobriu que a maioria dos pacientes com COVID-19 estudados tiveram zimogramas miocárdicos anormais. 76% dos pacientes no estudo demonstraram níveis elevados de desidrogenase e 13% demonstraram um aumento em creatina quinase, indicando que pode ocorrer dano cardíaco ou muscular em pessoas infectadas.

Aprendendo com outros vírus

Atualmente, não se sabe se o diagnóstico de outro tipo de doença cardiovascular garante uma maior probabilidade de fatalidade após a infecção por COVID-19. No entanto, os cardiologistas podem usar as lições prendidas com outros vírus, como o vírus da influenza, para determinar quais pacientes possam estar em maior risco.

Um estudo de 2019 em JACC: Insuficiência cardíaca descobriu que pacientes com insuficiência cardíaca particularmente tem probabilidade de apresentarem resultados negativos caso eles contraiam gripe. Em comparação com pacientes sem insuficiência cardíaca, pacientes com insuficiência cardíaca hospitalizados com gripe têm maior probabilidade de terem:

  • Insuficiência respiratória aguda (36,9%)
  • Insuficiência respiratória aguda que requer ventilação mecânica (18,2%)
  • Hospitalizações mais prolongadas (5,9 dias em média)

Pacientes com insuficiência cardíaca diagnosticados com COVID-19 também podem apresentar alto risco de desenvolver complicações graves, mas é necessário ter pesquisa adicional para confirmar se algumas condições cardíacas tornam mais prováveis resultados piores.

O que os cardiologistas podem fazer

Os cardiologistas devem entender e antecipar que pacientes com DCV enfrentam um risco elevado de um prognóstico ruim quando infectados pela COVID-19. Para auxiliar melhor esses pacientes de alto risco, é essencial que os cardiologistas:

  • Aconselhem todos os pacientes cardiovasculares dos riscos da infecção pela COVID-19
  • Defendam o cumprimento dos requisitos atuais de vacinação, incluindo as vacinas contra pneumococos e gripe
  • Incentive medidas preventivas de acordo com os Centros de Controle e Prevenção de Doenças
  • Opte por consultas por telemedicina em vez de consultas no consultório para pacientes com DCV estável para evitar possível infecção

Pacientes com COVID-19 que também apresentaram sintomas de arritmia, insuficiência cardíaca, cardiomegalia ou qualquer outra condição cardiovascular ainda podem se beneficiar da ecocardiografia. O boletim do Guia Clínico da COVID-19 da ACC observa que isso pode ser especialmente importante para pacientes que apresentem sintomas de infarto do miocárdio agudo, pois essa condição pode ser subdiagnosticada enquanto médicos trabalham para tratar da COVID-19.

O entendimento clínico do SARS-CoV-2 e da COVID-19, e os riscos exatos para pacientes cardiovasculares, continua a evoluir. Uma vez que esses pacientes apresentam maior risco devido a resultados ruins, é essencialmente importante que os cardiologistas estejam sempre informados e tomem medidas para ajudar os pacientes a obterem o melhor atendimento possível.